quinta-feira, 18 de junho de 2009

LENDO A BÍBLIA SEM MEDO - Livre arbítrio x Predestinação



Que diremos, pois? Que há injustiça da parte de Deus? De maneira nenhuma. Pois diz a Moisés: Compadecer-me-ei de quem me compadecer, e terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia.

Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos.

Romanos Cap. 8,
V. 14, 15; Cap. 9, V. 29




Tratar sobre o tema proposto pode gerar, dentre outras, algumas reações: a primeira delas é de repúdio, por compreenderem como algo impossível de se explicar não querendo “perder tempo” tentando entender, ou por se afirmarem inquestionáveis dentro da posição que assumem. Noutra vertente, pessoas não fogem a um debate. Parece uma boa oportunidade de testar conhecimentos e de parecerem conhecedores diante daqueles que circundam estas discussões. O fato é que em quaisquer dos casos, o fim [finalidade] não serve ao Evangelho, tampouco ao bem em nós que D'ele provém.

Todavia, é de se dizer que o evangelho não se prende a pólos, portanto não se prende a discussões. Ao contrário, o evangelho freqüentemente se situa entre pólos expressando um siso equilibrado, fincado na verdade, propriedade exclusiva do evangelho de JESUS, livre de nossos próprios juízos e valores, mas recorrentemente nos levando a rever tudo que entendemos como coerente, da perspectiva do evangelho. De modo que se alguma coisa no evangelho gera polêmica, em verdade não procede do evangelho, mas dos que dizem fazer uso dele.

Sendo assim, nossa tratativa não pretende ser meramente discursiva. Tampouco, pretende mudar a maneira de pensar de quaisquer pessoas, mas dá elementos para que aquilo que acreditamos seja racionalizado não pelas nossas razões, mas pela razão do evangelho. Elementos de um pensar puramente cristão, conduzindo-nos ao siso da verdade nos permitindo discernir, pela palavra, o que aqui enfatizamos.

É valido dizer que a maioria dos textos bíblicos aqui trazidos, precisam ser lidos como se pela primeira vez. Muitas coisas que sabemos e guardamos é resultado, por vezes, daquilo que crescemos ouvindo ou que simplesmente adquirimos sem nenhuma razão, portanto, uma leitura séria e responsável nos fará, por via de conseqüência, chegar a uma interpretação séria e responsável do ponto de vista teológico.

O conteúdo do Evangelho é que precisa, antes de qualquer coisa, ser bem entendido, vejamos: remetendo-nos ao velho testamento, verificamos que ao desobedecer ao Criador o homem (casal) foi posto fora do Jardim porque havia se igualado a Deus no sentido de conhecer o bem e o mal: “Então disse o SENHOR Deus: Eis que o homem é como um de nós, sabendo o bem e o mal; ora, para que não estenda a sua mão, e tome também da árvore da vida, e coma e viva eternamente, o SENHOR Deus, pois, o lançou fora do jardim do Éden, para lavrar a terra de que fora tomado.” (Gn. 3.22,23).

Se observarmos, veremos que o texto bíblico não cita nenhuma qualidade da árvore da vida em momento anterior a este. Apenas no verso 09 do capítulo 02 de Gênesis se pode ler: “E o SENHOR Deus fez brotar da terra toda a árvore agradável à vista, e boa para comida; e a árvore da vida no meio do jardim, e a árvore do conhecimento do bem e do mal”. Sendo que neste verso apenas se faz referência a sua criação. A restrição posta ao homem o proibia de comer da àrvore do conhecimento do bem e do mal, como nos ensina o verso 17 do capitulo 02: “Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás.”

Antes da queda, portanto, nada impedia o homem de comer o fruto da vida eterna, embora sua vida se mantivesse pela obediência; a restrição se viu necessária por ocasião da queda, já que o homem não pode, por si só, reverter os efeitos da queda, senão por Cristo, justificando sua vinda, morte, ressurreição e retorno, sendo este o bojo do Evangelho: “Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego. Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá da fé”. (Rm 1.16,17).

O evangelho manifesta a justiça de Deus de fé em fé, porque somos salvos pela graça mediante a fé mútua que temos, mas que não é de todos (II Tes. 2.3). A fé nos fará viver pela morte de Jesus e aos poucos nos destitui desta corrupção, submetendo-nos a um processo de santificação que não provem das obras, mas da fé que nos faz operosos em tudo para com todos. De modo que nada em nós nos faz melhor ou menor do que somos diante de Deus, tampouco somos mais amados por Deus ontem do que hoje porque, a nosso ver, “não pecamos ontem, mas não resistimos hoje”.

Vimos que se o homem comesse do fruto do conhecimento do bem e do mal “certamente morreria”. A justiça de Deus, portanto, é ‘matar’ o homem, isto é, fazer valer sua palavra que não volta atrás. A salvação, portanto, é um ato de misericórdia e nada tem a ver com a justiça de Deus, que é morte. A satisfação da Justiça de Deus gera a misericórdia por nós, por isso provocou a morte para ele mesmo na pessoa do Cristo. O fator é que só há misericórdia quando há satisfação da justiça. Por isso, em nós, quaisquer sentimentos de justiça destituídos de misericórdia são hipocrisia: Ele nos amou primeiro.

Essa é a verdade do Evangelho: temos vida em Jesus, não por nossas próprias justiças, mas pela justiça de Deus revelada em nós de fé em fé, isto é, em nós e naqueles que por Jesus, comungam da mesma esperança. A salvação é fruto da misericórdia de Deus já que sua justiça foi satisfeita em Jesus. A misericórdia de Deus, portanto, é exercida sobre aqueles por quem aprouver a Ele exercê-la.

Deus não é Deus porque salva, ou porque nos fez promessas. Ele não é Deus porque “criou”. Ele é o que é independente de quaisquer coisas que tenha feito ou quaisquer palavras que tenha dito. De modo que tudo que ele fez, embora revele sua glória, não é contundente para estabelecer a sua grandeza e soberania. Isto nos faz entender que nada entendemos a respeito Dele. Ao não ser aquilo que ele quer que saibamos.

Diante de tudo que se expôs até aqui me parece equivocado ainda entender que Deus seria “injusto” por quaisquer razões, sobretudo por escolher quem vai para o céu ou para o inferno. É o que se pode ouvir: “Que justiça é essa que manda uns para o céu e outros para o inferno?” ou ainda: “como é que Deus é amor e uma criança nasce já destinada para o inferno?” e aos mais extremados se deve a expressão: “eu não aceito esse ‘seu’ Deus”. Posso afirmar porque a Bíblia afirma: todos pecaram e destituídos estão da Glória de Deus!

Se a justiça de Deus é conceder-nos o poder de escolha, então Ele não poderia criar ninguém que não fosse escolhê-lo. Pois que “justiça” haveria se ao criar alguém que ele, por ser onisciente, soubesse que não iria escolhê-lo, nada fizesse? Sendo Deus amor, não interviria? Deixaria que seu filho se perdesse por sua própria escolha incauta e desprovida de completude, sendo de todo finita? Se a salvação é uma possibilidade, está posto que o Apocalipse é um palpite e não uma revelação de Deus.
A salvação é tanto uma determinação, quanto o é a segunda vinda de Cristo. Pois não viria se não houvesse quem salvar, caso nenhum de nós pretendesse “escolhê-lo”, ou por outro lado, não precisaria destruir a terra se todos nós resolvêssemos fazê-lo. Deus, em Jesus, não planejou salvar Ele determinou a salvação para os seus escolhidos, pois não cogita a possibilidade de falhar.

Jesus Cristo, portanto, morreu pelos que crêem e não por todos. Aqueles por quem ele morreu, sua morte trouxe vida e o espírito de Deus habita nestes que são nascidos de Deus pelo Espírito Santo que o mundo não pode receber: “O Espírito de verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece; mas vós o conheceis, porque habita convosco, e estará em vós” (João 14:17).

Neste entendimento, Deus só seria Justo se ao homem fosse dado o poder de decidir que se perdeu no perdeu no Éden, com a desobediência. A queda seria de Deus por uma atitude do homem. Seria o mesmo que entender que a desobediência não gerou um castigo para o homem, mas para Deus; subordina o Criador a uma criatura, já que uma relação com Deus se resume a um ato de volição do homem e não da fé. Deus vai salvar a quem ele salvar: “O qual se deu a si mesmo por nós para nos remir de toda a iniqüidade, e purificar para si um povo seu especial, zeloso de boas obras” (Tito 2.14).

Concluo, por ora, dizendo que se Deus houvesse dado ao homem a capacidade de escolher e se limitasse perante o homem em virtude destas decisões, ao decidir criar, Deus precisaria respeitar a vontade do homem que ainda seria criado. Nada poderia ser estabelecido por Deus que viesse a ferir a vontade futura de quaisquer daqueles que ele haveria de criar. De modo que assim Deus estaria subordinado ao homem, não podendo intervir em quaisquer de suas futuras decisões já que Deus é onisciente. Neste raciocínio, tudo havia sido estabelecido pelo homem e Deus seria apenas um instrumento ao crivo das suas vontades de antemão conhecidas por Deus. Eu pergunto: - Quem é o Deus afinal?

Que Deus continue aperfeiçoando a boa obra que começou em nós, nos fazendo entender que nada entendemos e que a sua graça nos basta, a despeito de quaisquer justificativas que achamos, devamos receber de Deus.

Maurício Silva
18/10/2008
18/06/2009

sexta-feira, 5 de junho de 2009

O QUE NÃO VEM DE DEUS, NÃO SAI DE NÓS!


No mês passado nosso blog completou um ano de existência, mais especificamente no dia 06 de Maio de 2008. São ao total 16 mensagens publicadas ao longo deste ano, sendo 9 de minha autoria, 03 da autoria da Renata e 03 textos retirados do site do Rev. Cáio Fábio (http://www.caiofabio.com/).

Fico feliz em poder edificar a vida de alguns, com estas mensagens que nada mais são que respingos de Deus para minha vida e que, pelo bem produzido em mim, levam-me a escrever de modo reflexivo a cerca daquilo que não mais precisa ser revelado, mas crido.

Tenho a preocupação em não fazer apologia a nenhum ensinamento não pertencente à Revelação do Pai, no Filho. O blog, por sua vez, não pretende ser um centro de discussões teológicas, mas ser um canal que ajude na busca pela permanência não do Amor de Deus, que sabemos ser constante em nós, mas da manutenção em nós do constrangimento que nos provoca esse tão inconceitual Amor.

O que nos falta não é o Amor de Deus por nós, mas o constrangimento fruto desse Amor em Nós. A isso se presta meu trabalho aqui, pelo que não tenho nenhuma pretensão que não venha do Evangelho e para o bem do Evangelho.

Sinto de alguns, a queixa [no melhor dos sentidos, é claro] de que não tenho postado textos há algum tempo...

Posso aqui, em resposta, dizer o que tenho dito desde o inicio:

“... razão pela qual não escrevo por haver em mim qualquer presunção, mas por sentir estas simples mensagens como provenientes da verdade do EVANGELHO, fincada no meu coração.”

Portanto, não posso produzir mensagens, apenas textos!

Se as mensagens não forem produzidas em mim não dá para ficar aqui filosofando. Louvo a ele pelo pouco que me tem dado, pois só o que ele dá produz vida em nós, nossas produções literárias são estéreis sem a unção D’ele.
É importante “mastigar” bem e não apenas “engolir” o que se lê. É necessário mais do que simplesmente ler, rapidamente.

Assim sendo, oro para que ele produza em nós corações contentados Nele e que esperam Nele e o louvam pela medida D’ele.

Fé, Paz, Graça e Vida!

Maurício J.S. Irmão
24.05.2009
05.06.2009