Quem de nós nunca ouviu uma palavra hostil a ponto de desanimar sobre planos e projetos? Quem nunca foi surpreendido com uma atitude de alguém de quem nada de mal se esperava, sendo solapado em suas estruturas, perdendo totalmente o “chão”, como comumente se afirma? Ou ainda, pôde experimentar traições e decepções de quaisquer ordens, sofrendo danos para além de materiais? Surpreendemo-nos com coisas do tipo.
Estamos adstritos ao que vemos e por isso somos tendenciosos a nos direcionarmos pelo que fazem conosco e pelo que fazemos em retribuição. O fato, ao que nos parece, é que uma palavra ou atitude se prolonga no tempo quase que indefinidamente e nos qualifica pela vida inteira. Acabamos acorrentados não só pelo que dizemos, mas pelo que ouvimos e, muitas vezes ou quase sempre, se desvencilhar disso requer um repensar de toda nossa existência, sobretudo cristã.
Numa via dupla é tão difícil voltar atrás para perdoar como para pedir perdão, porque diferentemente do perdão de Deus para conosco, o perdão entre nós significa igualdade. Há uma verticalidade no perdão de Deus para conosco, enquanto que de uns para com os outros o perdão se opera numa horizontalidade.
Palavras ditas sob a égide do nosso ego ferido ou simplesmente afrontado, não por tudo que de fato afronta, mas por tudo que chamamos de afronta. Se olharmos com sinceridade para nós mesmos, veremos que a maioria dos nossos problemas não são problemas e que a maioria das nossas afrontas não são afrontas. Não voltar atrás destas coisas é uma expressão mais do que contundente da nossa hipocrisia existencial.
Não podemos fugir das nossas atitudes e palavras, tampouco das atitudes e palavras alheias, pois não podemos ignorar a existência do outro. Mas precisamos ver por trás das palavras para compreendermos as pessoas que nos envolvem. Somos muito mais que palavras e ações, pois nossa essência nos antecede e é precedida pela própria efetivação da toda existência, pois o existir é uma instituição divina e Deus a antecede.
Olhar por trás das palavras e atitudes não significa tentar sondar o interior das pessoas, tecendo juízos e formando restrições sobre elas. No entanto, significa olhar para dentro de nós mesmos e enxergarmos que precisamos AMAR o outro para sermos levados até JESUS. Não como uma condição, mas como um resultado natural do que nos tornamos diante de DEUS por exclusivo (ou único) intermédio do seu filho JESUS, a menos que nada tenha sido mudado em nós.
Como filhos que agora somos, precisamos ter proximidade o suficiente para compreendermos as limitações dos outros, sabendo que também possuímos as nossas e que por isso devemos agir com sinceridade com as pessoas, sendo primeiro sinceros e verdadeiros com nós mesmos. Tornamos-nos ainda mais doentes espirituais quando permitimos que alguém se afaste de nós, ou vice e versa, por causa de atitudes e palavras que machucaram, pois estamos vendo apenas o exterior, sem AMAR o interior das pessoas a partir de nós mesmos.
Somos bem mais que palavras e ações. O que somos nunca poderá ser expresso exatamente por aquilo que se pode ver e ouvir. Podemos usar muito mais que linguagem e atitudes para nos expressarmos e, conseqüentemente, nos conhecermos.
Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança. Gálatas 5:22
Talvez se refletir junto comigo neste texto, consiga entender melhor o que estou tentando dizer:
1. Imagine alguém que ama e que não se satisfaz;
2. Imagine alguém que se satisfaz, porque ama, e não tem paz...
3. Imagine alguém que tem paz, porque se satisfaz e se satisfaz porque ama, e não tem firmeza de ânimo, isto é, se permite guiar pelo medo...
4. Imagine alguém que conjuga as características acima e não tem suavidade, nem bondade...
5. Que não tem mansidão e autocontrole, sobretudo que não tem fé...
1. Imagine alguém que ama e que não se satisfaz;
2. Imagine alguém que se satisfaz, porque ama, e não tem paz...
3. Imagine alguém que tem paz, porque se satisfaz e se satisfaz porque ama, e não tem firmeza de ânimo, isto é, se permite guiar pelo medo...
4. Imagine alguém que conjuga as características acima e não tem suavidade, nem bondade...
5. Que não tem mansidão e autocontrole, sobretudo que não tem fé...
Quero dizer que não podemos ter uma coisa e não ter outra. Tudo procede do amor e o amor de Cristo, pois sem ele nada de bom pode se erigir de nós mesmos. Somos hipócritas quando nossas palavras e ações divergem do que narra este texto (Gal. 5:22) e ao mesmo tempo dizemos ter CRISTO em nossas vidas. Neste sentido, o mal que nós fazemos as pessoas deve cessar, não porque é proibido, mas porque somos iguais e nos amamos. Nada justifica proceder de modo diverso, apenas nossa hipocrisia.
NELE, enxergamos o que de fato somos e, a partir daí, passamos a ver os outros como Ele nos vê, sem juízos, imposições, restrições, impaciência, desafeto, mas com AMOR. Desse modo, requalificamos o que dizemos e ouvimos, passando a expressar uma verdade completamente livre de nós mesmos, mas completamente vinculada à verdade do EVANGELHO que, como tudo que procede de Deus, requer muito mais do que expressão, requer vida.
Precisamos nos guiar deste modo, sem mentirmos para nós mesmos, mas agindo com AMOR, pois só ele nos faz viver em verdade e sinceridade, isto é, para além do que podemos ver.
Maurício J.S.Irmão
12/07/2008