terça-feira, 17 de junho de 2008

“Cristãos às Avessas”


“Vocês são o sal da terra; e se o sal perder seu sabor, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens. Vocês são a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade construída sobre um monte” (Mateus 5:13-14).


Durante minha infância, um homem usado por Deus, falava-me todas as manhãs através de suas músicas. Lembro-me bem de uma canção que, enquanto minha mãe ia até a padaria, eu ouvia sentada no chão em frente ao som: “você lembra quando foi, que o senhor o separou dentre todos os amigos, dentre os entes mais queridos? E lhe encheu a alma toda de paixão tão desmedida, pelas almas, pelas vidas, que não sabem pra onde vão. Mas o tempo foi passando e a paixão se esfriou. Oh meu Senhor, responda-me: por quê?”* E lá eu ficava ouvindo.

Parece que naquela época tudo era mais claro em minha cabeça de criança: ame ao senhor, o seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma, de todo o seu entedimento e de todas as suas forças e ame ao seu próximo como a si mesmo (Mc 12:30-31). Mas o tempo foi passando e o “amor” ao próximo se esfriou.

Vivemos num momento em que mais do que nunca precisamos correr contra o tempo (será que precisamos mesmo?). Uma agitação nos cerca, não há mais “tempo pra nada”. Vivemos correndo de um lado pra outro, muitas vezes sem saber mesmo o porquê fazemos isto ou aquilo. Mas foi no meio deste corre-corre todo que lembrei de coisas que havia esquecido e me fiz – e faço a você agora – o seguinte questionamento: que tempo de nossas vidas temos dado para servir a Deus? Que tempo temos dado pra o “ide por todo mundo e pregai o evangelho a toda criatura?” Tenho amado a Deus e a meu próximo a ponto de fazer isto?

Não devemos nos conformar em ter o amor de Deus só pra nós. Não devemos ficar de braços cruzados enquanto tantos coitados não sabem ao certo pra onde vão, como diria o Pr. Paulo Cezar.

Mas o que tenho visto por aí é uma preocupação enorme com quem toca ou deixa de tocar no domingo a noite. Uma preocupação em fazer teologia pra quem sabe um dia, quando se aposentar, ser pastor (“afinal quem hoje é chamado por Deus?”). Uma preocupação em ser a todo custo e antes de qualquer coisa o médico(a), o professor(a), o advogado(a), a mãe, o pai, o namorado(a). Ser cristão (e nem preciso dizer ser cristão de verdade, porque cristão de mentirinha vai pro inferno) fica em segundo, terceiro, quarto... lugar. É quase uma identidade secreta, liberta no domingo a noite quando cantamos “venho senhor minha vida oferecer, como oferta de amor e sacríficio”, sem saber ao certo do que se trata.

Buscar o reino de Deus virou segundo plano (Mt 6:33). Primeiro vem minha vida, depois o reino, depois meu próximo – a quem devo amar como a mim mesmo. Muitos cristãos viraram “cristãos às avessas”. Deixaram de ser sal pra ser adoçante e nem perceberam que a luz que deveriam ser já se apagou faz tempo.

O que precisamos é ser obreiro aprovado que não tem medo do que se envergonhar, que maneja corretamente a palavra da verdade (II Tm 2:15), indo por todo mundo (rua, casa, escola, faculdade, trabalho) e pregando o evangelho a toda criatura.

Precisamos ser cristãos!


*Agradeço ao pastor Paulo Cezar (Grupo Logos), homem usado por Deus a quem tive prazer de conhecer.

Renata Lima
17/06/2008

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